sábado, 31 de março de 2012

Tu...

Faz hoje quase 2 meses que estivemos juntos a última vez.
Quando te foste embora a meio da noite disseste:" Vou pôr-te de castigo durante seis meses!" e sorriste como sempre fazes...
Hoje mal falas comigo, na tua mensagem fizeste questão de dizer:" O que aconteceu não teve razão de existir!"
Depois de todas as acusações que me fizeste remeteste-te ao silêncio, não me dás a resposta que eu preciso ouvir, mas também não conheço as perguntas, as acusações que me fazes. 
Sempre soube que ia ser complicado, a diferença de idade, o facto de já teres alguém na tua vida...
Os poucos que conhecem a nossa história dizem-me que sou maravilhosa, que não me mereces, que mostraste ser imaturo e que não devo ligar, para partir para outra. Não percebem que eu sou de amores eternos, que posso não te ter, mas que te vou amar para sempre, como amo todos aqueles que fazem ou fizeram parte da minha vida de uma forma ou de outra.
Não conheço outra forma de amar! Amar não é para sempre?
Hoje vejo-te online, os romances modernos são assim, virtuais, zangamo-nos e fazemos as pazes mil vezes por msg ou no chat. O meu amor por ti, porém, não é virtual, é bem real...real de mais para ser guardado, real de mais para fingir que nunca aconteceu...real de mais para esquecer de um dia para o outro.
Aqui escondida não preciso disfarçar as lágrimas, a dor...não preciso fazer de conta que sou fria, que já não te quero, que não te desejo mais, que não sinto a tua falta dentro de mim, a tua pele colada à minha, o calor do teu beijo...aqui não preciso apagar coisas que quero dizer mas que não sei como irás reagir, aqui sou somente eu e tu no meu coração, esse que volto a trancar na concha e que atiro para o mais profundo dos mares. 
Aqui posso dizer-te que te AMO sem temer que me vires a cara e me digas que não me queres mais...

segunda-feira, 5 de março de 2012

...

Estou a precisar de...fugir.
O facto de estar há algum tempo sem sair da rotina está a perturbar-me a calma dos pensamentos e das atitudes. Ando irritante e disparo para todos os lados, principalmente para cima daqueles de quem gosto e isso já me originou alguns dissabores...já me causou algumas perdas!
Quem me conhece sabe que as minhas viagens, mais do que um ótimo motivo para conhecer sítios novos e gente diferente, servem para recarregar energias e poder enfrentar as novas etapas e desafios que se me colocam todos os dias. 
Este ano por causa da nova aventura a que me propus, que sinceramente acho que estava mesmo muito doidinha quando nela embarquei, fez com que até o Natal fosse passado em frente ao fiel companheiro D. PC, vulgo computador, e que me tem atrofiado os neurónios nos últimos tempos.
Quando fazemos as coisas por prazer e não por obrigação a coisa torna-se leve e prazeirosa, mas quando assim não é, o prazer é-nos retirado e tudo se torna muito penoso.
 Hoje, depois das aulas, apesar de ser AINDA 2ª feira, senti-me exausta...entrei no carro e segui em direção ao mar...sou uma pessoa de contrastes, tanto adoro a imensidão da planície e do deserto, como o turbilhão do mar.
Quando cheguei junto dele, não contive as lágrimas, desde pequena que este é o meio que escolhi para desabafar, a minha mãe por uns tempos pensou que andava com uma depressão, que não era normal que uma criança chorasse assim... do nada! 
Ainda hoje, já  mulher adulta, essa continua ser a forma de exorcizar os meus tormentos...
Por breves instantes consegui alcançar alguma paz interior, não fosse ela quebrada por uma voz que dizia: "Menina, sente-se bem? Precisa de ajuda? Magoou-se?" Olhei em volta, atrás de mim um casal de velhinhos olhava para mim com um olhar preocupado "Está tudo bem, obrigada pela atenção!", respondi.
Subi a rocha e caminhei para o carro...ainda ouvi :"Não esteja triste, menina! É tão bonita, dos seus olhos só deviam sair sorrisos!", esbocei um meio envergonhado, que penso já não foi visto, queria sair dali, alguém havia descoberto o meu estado de alma.
No outro dia, a caminho de Coimbra, a minha colega disse-me :"Acho que já te conheço um bocadinho. Disfarças as tuas incertezas e angústias com o teu bom humor e sorrisos!" 
...
Deixo-vos um poema, também ele reflete o meu estado da alma...

CREPÚSCULO

É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
quando a noite se destaca
da cortina;
quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
quando a força de vontade
ressuscita;
quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
e quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz livida, a palavra
despedida. 



DAVID MOURÃO FERREIRA, in OS QUATRO CANTOS DO TEMPO-Canto I (Livros de Portugal, RJ,1ª ed, 1958), in OBRA POÉTICA (Ed. Presença, 5ª ed., 2006)